Cresci em um ambiente muito propício à criação e curiosidade. Fui filha única em uma chácara, com um vizinho artista e pais que incentivavam a criatividade. Desenho e pinto desde que aprendi a segurar um lápis e um pincel. Contava histórias, escrevia e ilustrava livros, vivia em um mundo de imaginações e possibilidades. Colecionava animais em terrários, insetos e folhas em álbuns, e ossos e ninhos abandonados em armários. Sempre fui uma colecionadora. Sempre gostei de observar e catalogar as coisas.
CONTATO
www.taviajucksch.com
taviajucksch@gmail.com
PT
Organizava exposições com os meus trabalhos, às vezes espalhados pela casa, às vezes pendurados nas árvores, com direito a visitas noturnas com lanterna. Minha mãe tinha uma coleção de livros dos grandes artistas, e os renascentistas sempre me chamaram mais atenção. Passava tardes inteiras observando as imagens nos livros, os detalhes das cores, das texturas dos tecidos e rendas.
Com nove anos comecei a estudar desenho no Centro Juvenil de Artes Plásticas do Paraná. No início da adolescência comecei a ter aulas de aquarela. Me apaixonei pela técnica, que me acompanhou por anos, atravessando a faculdade até a minha produção atual, quando introduzi o óleo.
No primeiro ano da faculdade, na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, fiz um projeto de iniciação cientifica pesquisando a história da aquarela, o que me levou profundamente para a biografia de Albrecht Dürer. Interessada pela ilustração cientifica fiz m curso no Centro de Ilustração Botânica do Paraná.
Durante a faculdade comecei a me profundar em uma pesquisa poética e compreender o que eu queria comunicar com o meu trabalho. O corpo já estava bem presente, e o vídeo surgia como ferramenta para a construção de referências com movimento. Foi uma época de muita exploração e expressão com o corpo.
Já no último ano da faculdade comecei a me aventurar na tatuagem e acabei mergulhando de cabeça e vivendo disso como profissão. Consolidei uma carreira e um nome no meio da tatuagem, o que me afastou da pintura. A minha bagagem com estudos em ilustração botânica foi útil nesse momento, e me ajudou a desenvolver um trabalho autoral com tatuagem botânica.
Encerrei minha carreira como tatuadora entre 2020 e 2023. Nesse mesmo período voltei a pintar, além de virar mãe – o que também guiou a minha pesquisa poética. De 2019 para cá tenho trabalhado em um projeto, que encerro junto com o ano de 2024, chamado “A mãe – a história de quatro anos e um teto meu”.
Meus filhos me trouxeram novamente a fome de aprofundar-me em mim mesma, o que sempre foi o motivo principal do meu trabalho. Minha pesquisa a partir de 2019 consistiu em explorar as transformações físicas e emocionais do maternar, em pinturas escuras e de tons rebaixados que me remetem aos livros renascentistas que estudava na infância no tapete da casa dos meus pais. Entre registros corpóreos de gestação, pós-parto e amamentação, momentos difíceis de privação de sono e psicose materna, trocas carinhosas entre corpos de mãe e filhos, trago para observação uma visão real e bruta de como é o maternar na carne.
Os primeiros anos bagunçados sendo mãe de dois, em meio a uma pandemia e uma separação, foram os anos em que meu trabalho andou lentamente dentro de uma rotina com pouco espaço para trabalhar sem interrupção e com ausência total do ócio criativo.
Em 2023 novas possibilidades pictóricas surgiram na minha pesquisa, trazendo um respiro necessário para equilibrar o caos anterior. Iniciei um olhar curioso e paciente para as luzes que entram pelas janelas da minha nova casa através das arvores e pintam o interior com imagens de luz e sombra. Essas luzes surgiram em um momento de recuperação intensa e tiveram imenso significado para as novas margens que construí para minha vida. Passei a colecionar registros dessas luzes filtradas e explorar na pintura o limite que elas traçam entre o figurativo e o abstrato.
Atualmente tenho explorado minhas luzes e procurado onde elas encontram o maternar.”
Tavia Jucksch, nascida em 1994, reside atualmente em Curitiba, Brasil.
ENG
I grew up in an environment which favored creation and curiosity. I was an only child in a farm, with an artist for a neighbor and parents who always encouraged creativity. I drew and painted from the moment I could hold a pencil, a brush. I told stories, wrote and illustrated books, inhabited a world of imagination and possibility. I raised small animals in terrariums, collected insects and leaves in albums, hoarded bones and nests that lay forgotten in cupboards. I have always been a collector. I enjoy observing and cataloguing things.
Even as a child I organized exhibitions of my works, sometimes spread around the house, sometimes hanging from trees, to be visited at night under the beam of flashlights. My mother had a collection of books from great artists, and the renaissance painters always captured my attention. I spent entire afternoons observing the images in the books, the details in the colors, the textures of cloth and lace.
At nine I began to study drawing in the Youth Center for Visual Arts of Paraná. In my early teenage years I started having watercolor lessons. I fell in love with the technique, which stayed with me for years, from college to all but my latest works, when I started working with oil.
In my first year of college, in the School of Music and Fine Art of Paraná, I worked on a scientific research on the history of watercolor, which took me deep into the biography of Albrecht Dürer. With a newly-awakened interest in scientific illustration, I took a course in the Center of Botanical Illustration of Paraná.
In college, I dove deeper into poetic research and began to understand what I wanted to communicate with my work. The body was already present, and I was beginning to discover video as a tool to develop references of movement. It was a time of intense bodily exploration and expression.
In the last year of college I ventured into tattooing, and ended up going all in and making it my profession. I build a career and a name in the tattooing world, which estranged me from painting. My tenure in botanical illustration came in handy at this time, and helped me develop my work with botanical tattoos.
I ended my career as a tattoo artist between 2020 and 2023. At the same time I went back to painting, in addition to becoming a mother—which also guided my poetic research. From 2019 I’ve been working on a project which I plan to wrap up in 2024. It’s called “The mother—the history of four years and a roof of my own”.
My children renewed my desire to plunge back into myself, which has always been the main driving force behind my work. My research, which started in 2019, consisted in exploring the physical and emotional changes that come with motherhood, in dark paintings and somber tones that took me back to the renaissance books I studied as a child, and the carpet in my parents’ house. Among portraits of the pregnant and post-natal body, breastfeeding, harrowing moments of sleep deprivation and maternal psychosis, and warm exchanges between the bodies of mother and children, I bring to light a real and brutal outlook on what it’s like to become a mother in the flesh.
The first messy years of being a mother of two, amidst a pandemic and a divorce, were years in which my work slowed down to a crawl, cramped inside a routine that left little space to work without interruption and no space at all for creative leisure.
In 2023, new possibilities of imagery arose in my research, bringing a necessary breath of fresh air to balance my inner chaos. I cast a curious and patient look on the lights that fell through the windows of my new house, painting it in dappled canvases of light and shadow. These lights emerged in a moment of intense recovery and had an enormous impact on the new margins I build for my life. I started to collect these moments of filtered light in my paintings, exploring the limits they draw between the figurative and the abstract.
Currently I’m exploring my lights and looking for the points in which they meet motherhood.”
Tavia Jucksch, born in 1994, currently resides in Curitiba, Brazil.
Curriculum
PT
Pintura capa de música, A Banda Mais Bonita da Cidade, 2024
Pintura capa de álbum, Tiago Arrais, 2023
Formação superior em pintura na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP) 2013-2016.
Exposição coletiva, museu Guido Viaro, Curitiba, 2016
Exposição coletiva, galeria Boiler, Curitiba, 2015
Circuito universitário da Bienal de Curitiba – CUBIC, Curitiba, 2015
Exposição coletiva CUBIC, Centro Cultural Memorial de Curitiba, 2015
Premiação em primeiro lugar, Salão de arte Graciosa, 2014
Exposição solo, Galeria de arte Solar do Rosário, Curitiba, 2013
Curso de Ilustração científica, Centro de Ilustração Botânica do Paraná – CIBP, Curitiba, 2016
Curso de desenho anatômico com Gustavot Dias, 2015
Curso de pintura em aquarela, Curitiba, 2010-2015
Projeto de iniciação cientifica, EMBAP, Curitiba, 2013
Curso de desenho no Centro Juvenil de Artes Plásticas do Paraná, Curitiba, 2004-2008
Consolidou uma promissora carreira como tatuadora entre 2015 e 2023
ENG
Cover artwork for song, A Banda Mais Bonita da Cidade, 2024
Cover artwork for album, Tiago Arrais, 2023
BFA in Painting, School of Music and Fine Art of Paraná (EMBAP) 2013-2016.
Collective exhibition, Guido Viaro Museum, Curitiba, 2016
Collective Exhibition, Boiler Gallery, Curitiba, 2015
University Exhibit in the Biennial Book Fair of Curitiba – CUBIC, Curitiba, 2015
Collective exhibition in CUBIC, Cultural Memorial Center of Curitiba, 2015
First place award, Salão de Arte Graciosa, 2014
Solo Exhibition, Solar do Rosário Art Gallery, Curitiba, 2013
Course of Scientific Illustration, Center of Botanical Illustration of Paraná – CIBP, Curitiba, 2016
Course of anatomic drawing com Gustavo Dias, 2015
Course of watercolor painting, Curitiba, 2010-2015
Scientific Research Project, EMBAP, Curitiba, 2013
Drawing Course, Youth Center for Visual Arts of Paraná, Curitiba, 2004-2008
Built a promising career as a tattoo artist between 2015 and 2023